segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Quereres

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim.

Trecho de O Quereres de Caetano Veloso

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Então é Natal!

Muitos vêem o Natal como renascimento e preservam toda aquela antiga tradição. Eu, particularmente, nunca passei longe da minha família mas conforme o tempo vai passando vejo que as velhas tradições vão se perdendo. No início haviam os preparativos, presentes na árvore, pisca-pisca na varanda, amigo-oculto e ceávamos exatamente a meia-noite. Esse ano houveram os preparativos, a ceia e as onze horas já estávamos todos na cama.
Esperava um Natal bem mais animado, quase entreguei os pontos mas no final das contas me recusei a fazer isso e terminei a noite assim: uma boa música e uma ice gelada.
Nada mais "deprê" para uma noite de festa, mas o que seria do Natal sem aquela tão tradicional melancolia?

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Internato


Desde que tive que fazer um trabalho sobre um texto da Lya Luft decidi me aprofundar um pouco mais em sua obra. Há alguns minutos terminei de ler O Internato, e como alguns outros que li suscita uma reflexão, que embora clichê não deve ser esquecida: Devemos cultivar o bem hoje, para que possamos colhe-lo amanhã.
O texto fala de um menino que desde muito pequeno sofria e via seu pai agredir sua mãe e suas irmãs. Aos onze anos foi mandado para um internato após tentar defender sua mãe das agressões, partindo para cima do seu pai. Desde então passou a colecionar mágoas, que foram se transformando em ódio. Os anos passaram, sua mãe falecera, agora ele era um homem muito bom e bem sucedido.
Ele jamais perdoara seu pai. Quando encontrava com suas irmãs, que já tinham marido e filhos, essa era um assunto terminantemente proibido.
Um dia, ele recebeu uma ligação e percebeu que não tinha escolha, teria de cuidar de seu pai, que estava enlouquecendo e vivia em condições desumanas. Ele então foi em seu socorro, e após alguns dias foi a vez da vingança pela qual ele esperara a vida inteira. Seu pai finalmente saberia o que era viver em um Internato.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012



"É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais!" 


Sábado passado estive na exposição Viva Elis no CCBB. Sem dúvida era uma exposição que precisava ser conferida, afinal, o talento dela era incomparável no quesito voz. O dia em que fui a exposição, coincidiu com o falecimento da Hebe, que apesar de estar muito longe de ser jovem, me leva diretamente a um assunto bem complexo: a morte, a hora de partir.
A exposição é magnífica e eu realmente gostaria de ter ido antes. Saí de lá com uma sensação estranha, pesada. Pensei na Elis, no Renato Russo,no Cazuza, na Karen Carpenter, Cássia Eller, Kurt Cobain, Amy Winehouse e em tantos outros que se foram cedo demais. Todos com algum tipo de problema, álcool, drogas, distúrbio alimentar,depressão... agravados pela fama ou não, eram pessoas tão talentosas que não cabiam em si. Com um tipo de inconformismo que era facilmente transformado em poesia, em ondas sonoras inebriantes ou em ambos. Eles contagiaram o público com a sua intensidade, tudo o que faziam, era com a alma e talvez por isso tenham partido tão precocemente;
Sempre que penso nessas pessoas imagino como seriam suas carreiras hoje em dia. Será que a qualidade seria mantida? Seriam lendas vivas como Chico Buarque e Caetano? Nada me faz pensar o contrário.
Aos fãs que ficaram, só nos resta a lembrança e contribuir para que o som deles, tão raros, chegue até as próximas gerações.

"Enquanto houver quem se lembre de nós, quem tenha saudades, quem relembre momentos, ações, quem, apesar de ausentes, nos sinta, nos veja, nos fale na linguagem mais arcaica do mundo, a do pensamento, então não morremos, permanecemos vivos num outro patamar: o da memória viva das pessoas que connosco vivenciaram."


domingo, 30 de setembro de 2012

O Haver




Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.
15/04/1962

Vinícius de Moraes

A poesia acima foi extraída do livro "Jardim Noturno - Poemas Inéditos", Companhia das Letras - São Paulo, 1993, pág. 17.

Coisas da Vida


"Há quem diga que o tempo não existe, que somos nós que o inventamos e tentamos controlá-lo com nossos relógios e calendários. Nem ousarei discutir essa questão filosófica, existencial e cabeluda. Se o tempo não passa, eu passo. E não é só o espelho que me dá certeza disso.

O tempo interfere no meu olhar. Lembro do colégio em que estudei durante mais de uma década, meu primeiro contato com o mundo fora da minha casa. O pátio não era grade - era colossal. Uma espécie de superfície lunar sem horizontes à vista, assim eu o percebia aos sete anos de idade. As escadas levavam ao céu, eu poderia jurar que elas atravessavam os telhados. Os corredores eram passarelas infinitas, as janelas pareciam enormes portões de vidro, eu me sentia na terra dos gigantes. Volto, depois de muitos anos, para visitá-lo e descubro que ele continua sendo um colégio grande, mas nem o pátio, nem os corredores, nem as escadas, nada tem o tamanho que parecia ter antes. O tempo ajustou minhas retinas e deu proporção às minhas ilusões.
A interferência do tempo atinge minhas emoções também. Houve uma época em que eu temia certo tipo de gente, aqueles que estavam sempre dispostos a apontar minhas fraquezas. Hoje revejo essas pessoas, e a sensação que me causam não é nenhum pouco desafiadora. E mesmo os que amei já não me provocam perturbação alguma, apenas um carinho sereno. Me pergunto como é que se explica que sentimentos tão fortes como o medo, o amor ou a raiva se desintegrem. Alguém era grande no meu passado, fica pequeno no meu presente. O tempo, de novo, dando a devida proporção aos meus afetos e desafetos.
Talvez seja esta a prova da sua existência: o tempo altera o tamanho das coisas. Uma rua da infância, que exigia muitas pedaladas para ser percorrida, hoje é atravessada em poucos passos. Uma árvore, que para ser explorada exigia uma certa logística - ou pelo menos um “calço” de quem estivesse por perto e com as mãos livres-, hoje teria seus galhos alcançados num pulo. A gente vai crescendo e vê tudo do tamanho que é, sem a condescendência da fantasia.
E ainda nem mencionei as coisas que realmente foram reduzidas: apartamentos que parecem caixotes, carros compactos, conversas telegráficas, livros de bolso, pequenas salas de cinema, casamentos curtos. Todo aquele espaço da infância, em que cabia com folga nossa imaginação e inocência, precisa hoje se adaptar ao micro, ao mínimo, a uma vida funcional.
E cresci. Por dentro e por fora(e, reconheço, pros lados). Sou gente grande, como se diz por aí. E o mundo à minha volta, à nossa volta, virou aldeia, somos todos vizinhos, todos vivendo apertados, financeira e emocionalmente falando. Saudade de uma alegria descomunal, de uma esperança gigantesca, de uma confiança do tamanho do futuro - quando o futuro também era infinito à nossa frente."

Martha Medeiros em Coisas da Vida(L&PM Pocket)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Blue Valentine


Anteontem assisti Blue Valentine ou Namorados Para Sempre, mas quem assiste ao filme vê claramente que essa tradução brasileira(muito mal feita por sinal) não passa de propaganda enganosa. Ao contrário do que tem sido mostrado na divulgação do filme, inclusive no poster. O filme conta a história do relacionamento de um casal, desde que se conheceram e mostra o desgaste desse relacionamento ao longo do tempo. O mais "intrigante" é que o mesmo motivo que os levam a ficar juntos é o que faz com que se separem.
 Saí do cinema com um nó na garganta, uma tristeza oprimida e agradecendo por não tem em quem pensar, caso contrário não tenho dúvidas de que ficaria muito mal. A ironia de tudo, é que além de ter estreado no dia dos namorados, acredito que muita gente tenha ido assistir sem se informar e tomou um susto quando viu o desenrolar da história. Imagino quantos casais não saíram do cinema abalados e o que passou pela cabeça de cada um. O que era para ser um programa romântico pode ter virado um programa de índio.
No entanto, quem assiste sabendo o que esperar, sem dúvida é um filme muito bom.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Matando a Saudade em Sonho


Lendo Doidas e Santas de Martha Medeiros, me deparei com a crônica Matando a Saudade em Sonho. A cronica foi escrita em dois de novembro de 2006, no dia de finados e fala sobre sonhos com pessoas que já não estão mais entre nós e como isso nos traz um certo conforto.
Sonhei com uma pessoa, que apesar de estar viva, já não faz parte da minha vida e com quem evito, sempre que posso, encontrar. Nem sempre estar perto de quem mais amamos, nos faz bem. Talvez ele não tenha idéia da falta que faz ou do impacto que ainda tem sobre mim depois de tanto tempo. Consigo me manter afastada fisicamente, mas os sonhos são inevitáveis. Hoje acordei com a sensação de ter passado algum tempo com ele e mais uma vez, a sensação de separação, hoje trazida pelo despertar, deixou uma sentimento incomodo no ar. Muito em breve, os ínfimos elos de ligação que ainda temos, serão cortados e o que vivemos não passará de uma lembrança.

sábado, 11 de junho de 2011

Adeus Orkut


Há uns anos atrás me martirizava só de pensar que um dia o orkut deixaria de existir. Passava horas e horas em comunidades, me divertia vendo profiles, mudando o perfil, postando fotos. Mas nunca pensei que um dia chegaria a pensar em deletar a minha conta. Assim como nunca pensei que um dia chegaria o facebook e muito menos que sua popularidade crescesse ao ponto de fazer com que o Orkut parecesse chato.
Há uns dias vinha pensando nisso, mas também não pensei que chegaria as vias de fato. Anteontem a internet estava um tédio, entrei no Orkut e sem pensar muito, fui em configurações e deletei. Não pensei muito, pois sabia que se pensasse não o faria. Sei que com o que fiz perdi contato com muita gente com quem já não tinha muito contato mesmo. Talvez sinta falta nisso mais tarde, mas agora me sinto bem. É claro que é menos uma rede social para acessar nas horas de tédio mas pra isso existem os jogos online.

sábado, 21 de maio de 2011

Os dias frios continuam sem dar trégua, esse frio definitivamente não combina com o Rio do Janeiro. Acabei de assistir ao filme Lembranças e ainda não tenho uma opnião formada sobre ele. É triste, mas representa a realidade para muitas pessoas que perderam seus entes queridos no 11 de setembro de 2001. Acredito que se não fosse a atuação do Robert Pattinson eu realmente teria chorado com o filme. 
Os planos para hoje furaram e como os dias mais ou menos continuam, não tenho muito sobre o que escrever. Estou lendo Orgulho e Preconceito e Zumbis. É interessante, mas confesso que não curti muito a mistura da cultura inglesa com a cultura asiática. Fica difícil imaginar a alta sociedade inglesa do século XIX, sendo classificada não apenas pela sua posição social mas também por seu conhecimento e habilidade com as artes marciais. 

domingo, 15 de maio de 2011

(Tentando) Organizar...

 A noite está chuvosa e depois de um tempo tentando, o resfriado finalmente me alcançou. São quase duas horas da manhã e estou catalogando meus livros.É algo trabalhoso mas também prazeroso. Enquanto faço isso, lembro-me de outros livros que li, dos que perdi, dos que emprestei e espero que voltem para minhas mãos, dos que ainda não comprei, dos que ainda quero comprar, dos que aqui estão e aguardam pela minha leitura. Alguns só de pegar lembro de quando comprei, de quando ganhei ou mesmo das lágrimas que derramei durante a leitura. Cada um com uma história paralela à que tem para contar.
O mesmo acontece com filmes, que serão o próximo passo. Mas cataloga-los dará um pouco mais de trabalho e talvez não desperte tantos momentos em minha memória. Alguns vou querer rever ou deixarei de lado. Confesso que não ando com muita paciência para filmes, aliás, para quase nada. Talvez para assistir uma temporada de uma série inteira em dois dias, como foi o caso de White Collar, mas creio que tenha sido uma excessão.
Enquanto escrevo este post, vejo um filme na televisão, chama-se Sintonia de Amor. Eu nem sabia que o Tom Hanks tinha feito par romântico com a Meg Ryan antes de Mensagem Para Você. Ainda mais um com uma sinopse tão parecida. A principio a diferença entre os dois é que por ser do ano de 1993 e a tecnologia ainda não tinha avançado tanto e as pessoas ainda não se comunicavam tão facilmente por e-mail, então eles resolveram comunicar-se por rádio.Pode ser que esteja enganada, afinal ainda não tem nem cinco minutos de filme. Comentarei depois se terminar de assistir.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Dias...


Adoro essa paz que as vezes pousa por alguns dias. É a fase em que tudo parece tranquilo, em seu lugar. Creio que seja o ponto "mais ou menos" da vida, o marco zero de tudo. O mundo se explode e para você tudo continua o mesmo. Não é ruim. É até bom para os que, como eu, pensam demais.
Em dias assim,sinto falta de escrever, parece que nada sai. A cabeça alcança um "pseudo-equilíbrio" e pensa que não há nada para expor. É como um computador que trava por um longo tempo e depois volta a funcionar.
Em dias assim escrevo sobre o não escrever. Os sorrisos aumentam, os medos diminuem. Em nenhum momento penso no que poderia acabar com a felicidade extrema ou numa súbita tristeza que me acometa.
Seja como for os dias "mais ou menos" são maravilhosos por uns tempos mas não satisfazem para sempre. Aproveito-os para colocar as idéias no lugar e relaxar.

sábado, 7 de maio de 2011

"Little by Little"


Anteontem aprendi que o mundo é pequeno e não importa o quanto eu fuja dos meus fantasmas e se eu tiver que encontrá-los isso acontecerá independente da minha vontade. Não adianta tentar evitar. Então eu os encarei.
Ontem aprendi que não importa quantas lembranças alguns lugares me despertem, as pessoas que me lembrem, elas sempre estarão lá, eu só não posso deixar de viver por causa disso.
Hoje eu senti que a felicidade está nas coisas simples e que eu posso sim, ser feliz ainda que meus fantasmas e minhas lembranças me acompanhem. Eles fazem parte da bagagem que carrego e que só aumentará com o passar dos anos.
Saí da rotina, brinquei, sorri. Me senti a vontade para ser quem sou(seja lá o que isso signifique) e fiz o que gosto. Hoje eu descobri o gostinho da felicidade sem medo e por mim mesma.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sonho


Cada passo que dou naquela direção,
Cada novo dia em que piso naquele lugar,
Me distancio ainda mais do que sempre foi meu grande sonho
E me aproximo da conclusão de um sonho que não sonhei sozinha.
Permaneço em um sonho em conjunto que já começou incompleto.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

"Porque os dias vão pra nunca mais..."


Palavra do dia: Determinação

Está na hora de mudar o rumo das coisas. É a hora de fazer a curva do rio que eu pensava que não existisse. Mudar o curso e seguir meus instintos, que talvez não sejam tão destrutivos assim.
Hoje descobri que posso ser feliz sozinha e que com um pouquinho de determinação posso alcançar meus objetivos. É claro que antes é preciso querer e fazer por onde. A luta começa novamente mas com um ingrediente a mais, segurança. A segurança de saber o que quero e onde quero chegar.
As pessoas? De que adianta sofrer se a maioria delas vai te sacanear, te decepcionar, te apunhalar ou simplesmente sumir? As que realmente merecem estarão ao seu lado e elas sabem que podem contar com você. 

E agora, sem pressa 
Sigo meu caminho.
E agora, sem pressa
Mudo o rumo da minha história.
E agora, sem pressa
Vivo minha vida da maneira que sei viver.
E agora, sem pressa 
reconheço que meu pote de ouro esteve aqui o tempo todo
só eu que não percebia.
E agora sem pressa, 
aguardo os próximos capítulos dessa jornada.

 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Tem Gente...


Tem gente que gosta de sofrer.
Tem gente que sofre sem querer.
Tem gente que sofre sem saber.

Tem gente que brinca de viver.
Tem gente que brinca para viver.
Tem gente morre sem viver.

Tem gente que luta contra o querer.
Tem gente que luta sem querer.
Tem gente que luta por não saber.

Tem gente que luta pra entender.
Tem gente que tenta não sofrer.
Tem gente que sofre por querer. 

terça-feira, 19 de abril de 2011

Ressurreição


É estranha essa necessidade que sinto de escrever. Sobretudo anteontem e ontem, quando o cansaço tentou me vencer por diversas vezes e não cedi. Deixei o que tinha para fazer e voltei para o meu caderninho.
Hoje foi diferente. Resisti a todos os impulsos que me levavam e ele e finalmente terminei de ler Ressurreição de Machado de Assis, que eu estava cozinhando a no mínimo duas semanas. Como todo livro, não achei de todo ruim, até consegui extrair uma parte ou outra, mas não sei se encaro Dom Casmurro nesse feriado, seria tortura demais até para quem gosta de ler.

"Duas faces tinha seu espírito, e conquanto formassem um só rosto, era, todavia, diversas entre si, uma natural e espontânea, outra calculada e sistemática. Ambas, porém, se mesclavam de modo que era difícil discriminá-las e defini-las. Naquele homem feito de sinceridade e afetação tudo de confundia e baralhava."  (P.18)
 " Os meus amores são todos semestrais; duram mais que as rosas, duram duas estações. Para o meu coração um ano é a eternidade. Não há ternura que vá além de seis meses; ao cabo desse tempo , o amor prepara as malas e deixa o coração como um viajante deixa o hotel; entra depois o aborrecimento - mau hóspede." (P.25)
"... viver não é obedecer às paixões, mas aborrecê-las ou sufocá-las. Os maricas, como tu, choram; os homens, esses ou não sentem ou abafam o que sentem." (P.42)
" - Meneses não conhece os outros, continuou Félix. Parece filho daquele astrólogo antigo que, estando a contemplar os astros, caiu dentro de um poço. Eu sou da opnião da velha, que apostrofou o astrólogo: "Se tu não vês o que está a teus pés, por que indagas do que está acima da tua cabeça?
- O astrólogo podia responder, observou a viúva, que os olhos foram feitos para contemplar os astros.
- Teria razão, minha senhora, se ele pudesse suprimir os poços. Mas que é a vida senão uma combinação de astros e poços, enlevos e precipícios? O melhor meio de escapar aos precipícios é fugir aos enlevos.
       Lívia ficou pensativa alguns instantes.
- O pensamento é melancólico, disse ela; contudo, pode ser verdadeiro. Mas por que razão condenaremos a vida contemplativa dos que não conhecem a vida positiva? Os livros da imaginação... esses livros não são detestáveis, como o senhor disse; não os há detestáveis nem ótimos. Deus os dá conforme a ciência de cada um." (P.43)
"A que propósito interviria o coração neste episódio, que devia ser curto para ser belo, que não devia ter passado nem futuro, arroubos nem lágrimas?" (P.50)
"Decidam lá os doutores da escritura qual destes dois amores é melhor, se o que vem de golpe, se o que invade a passo lento o coração. Eu por mim, não sei decidir, ambos são amores, ambos têm suas energias."
(P.55)
"Cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar." (P.56)
"Há quem diga que o primeiro amor nasce apenas da necessidade de amar." (P.71)
"...havia entre ambos, como Féliz disseram um dia, certa conformidade de sentir e pensar, que de algum modo os vinculava." (P.79)
"O amor não é isso que o senhor diz; não nasce de uma circunstância fortuita, nem de uma longa intimidade, é uma harmonia entre duas naturezas, que se reconhecem e completam." (P.80)
" Uma lágrima - a última que lhe restava - foi a única expressão do seu imenso desespero." (P.87)
"Era sol posto, hora de melancolia; tudo ali em volta assumia a cor pardacenta e luminosa dos últimos instantes da tarde." (P.93)
"Que lhe importava a ele a melancolia da natureza, se tinha dentro da alma uma fonte de inefáveis alegrias?" (P.109)
"...mais vale sonhar com a felicidade que poderíamos ter do que chorar aquela que houvéssemos perdido." (P.127)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Tanto...


Quando acho que tudo finalmente pode se resolver, uma confusão assola minha mente.
Pressentimentos, pessoas, atitudes, desculpas... tudo para me levar a crer que não é pra ser.
Vale a pena perturbar esse equilíbrio que de certa forma atingi, desequilibrando tudo por algo tão instável e que parece um jogo ao qual o principal objetivo é o fracasso alheio?
Pergunto-me como estaria se ontem a noite tivesse seguido meu caminho normalmente, exatamente como fiz quarta-feira.
Será que algo teria mudado? E essa falta toda que você diz sentir de mim onde está?
Se em algum momento eu questionar sei exatamente o que vou ouvir e acho que estou meio que de saco cheio disso.
Preciso descobrir o que pesa mais porque sinceramente não sei o que se passa na sua cabeça e muito menos na dos outros.
Me sinto em um livro de Shakespeare onde hora sou Othello e outra sou Desdêmona, quem sabe até Iago...já não sei mais.
São tantas coisas... tanta gente... tantos pensamentos... tanto medo... tanta insegurança... são tantos tantos que me levam a crer que tanto querer não basta.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Esperança


Não sei o que estou sentindo agora, nem mesmo como as coisas vão se resolver ou mesmo se isso vai acontecer.
Mas sei que o que senti nos últimos dias foi algo especial e que pensara ser incapaz de sentir novamente.
Voltei a sorrir com a alma como a muito não fazia e mesmo que por alguns momentos, eu vi a felicidade nos olhos de alguém que passava por uma situação tão complicada quanto a que passei um dia.
A ironia de tudo é que agora parece que as coisas estão em uma corda bamba e mesmo assim estou certa do que quero, a indecisão ainda não me atingiu quando na verdade teria sido a primeira a bater em minha porta. Eu quero você e disso não tenho dúvidas, mas preciso aprender a lidar com algumas situações. Deixar de pensar nos vários ângulos que essa história possui, é um erro e nem sempre consigo fazer isso logo de cara. Ainda sim, neste momento, tenho consciencia de que a decisão não está em minhas mãos.
Preciso aprender a dar "tempo ao tempo". O tempo é relativo, mas nem por isso deixa de ser "tempo". Cada um tem o seu e é preciso respeitá-lo, ainda que isso seja difícil e complexo.
 Aconteça o que acontecer daqui por diante, não posso me queixar de não ter vivido. Pode ser que pela primeira vez tenha feito algo que quis, quando quis sem pensar no que pensariam ou deixariam de pensar e acima de tudo, fui feliz.

quarta-feira, 6 de abril de 2011


Como pode alguém sentir tanta falta de um beijo que até a pouco desconhecia?
Como pode alguém achar que é loucamente apaixonado por uma pessoa e de um dia para o outro descobrir que todo o sentimento ficou no passado?
Como pode alguém lutar tanto por uma causa e no fim descobrir que também faz parte dela?
Como pode alguém chorar sem motivos e descobrir que consegue sorrir quando tem todos os motivos para chorar?
Como pode alguém tão retraído sentir-se tão bem fugindo aos padrões impostos pela sociedade e expondo-se a isso sem medo algum?
Como pode alguém que via trovões em dias de sol, começar a ver raios de sol em plena tempestade?
Como pode alguém ter coragem de encarar o mundo e ter tanto medo de perder uma única pessoa?

segunda-feira, 4 de abril de 2011



Aquele olhar, aquele sorriso, aquele cheiro, a pele e a voz mansa a transportavam para outro lugar.
Sentia falta do corpo quente, do abraço, das mãos afoitas que tanto a atiçavam.
Era um sonho tão gostoso que mesmo acordada a impedia de despertar e agora a impedia de voltar a dormir.

domingo, 3 de abril de 2011

O Caçador de Pipas



" -Existe apenas um pecado, um só. E esse pecado é roubar. Qualquer outro é simplesmente uma variação do roubo.
Quando você mata um homem, está roubando uma vida. Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito de justiça."
Trecho extraído do livro O caçador de Pipas de Khaled Hosseini


sábado, 2 de abril de 2011

A Distância Entre Nós


 "Agora, não é mais pra um homem ter sido apenas um homem. Agora, o protocolo do sofrimento exige que o transformemos num príncipe, num rei. Agora, os defeitos de um homem devem ser passados a ferro como as pregas de um terno, até ele aparecer diante de nós impecável e sem defeitos como no dia em que nasceu. Como se a terra fosse se recusar a recebê-lo, como se os abutres de Torre do Silêncio se recusassem a bicá-los se não fosse restaurada a sua glória original. Na morte, todos os homens viram santos."

A distância entre nós - Thrity Umrigar

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Passagem das Horas


"Trago dentro do meu coração,

Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero".


Álvaro Campos

quinta-feira, 31 de março de 2011

Sonhar


"Sonhar é acreditar que se têm poderes para construir alguma coisa diferente. O sonho pode até ser uma utopia a respeito de um lugar que não existe. Mesmo assim ele cumpre importante papel de movimentar o presente em busca de um futuro melhor. Sem os sonhadores o mundo para. Quantos existiram que, mal interpretados, só foram valorizados depois de mortos. Sonharam com uma humanidade melhor e foram acusados de pervertidos; sonharam com uma ciência que pudesse melhorar a vida das pessoas e foram acusados de feiticeiros; sonharam com uma civilização de amor e foram acusados de ingênuos, sonharam com simplicidade e foram acusados de superficiais.
Sonhadores não desistem facilmente. Têm a alma elevada, o olhar mais apurado, a mente aberta e o desejo interno de transformação. São poetas, às vezes; outros palhaços, malabaristas; são sacerdotes em busca de uma nova terra; são jovens, todos esses, independente da idade, porque os sonhadores não envelhecem...

"Qualquer coisa que você possa fazer, ou sonha que possa fazer, comece a fazê-la. A ousadia tem em si genialidade, força e magia." - Goethe " "

Texto extraído do livro: O Sol Depois da Chuva - Gabriel Chalita

terça-feira, 29 de março de 2011

Simples Assim


"A miopia das maioria das pessoas costuma espantar-me. Tenho muitos conhecidos que se sentem diariamente obcecados pela educação de seus filhos, qual o melhor jardim da infância, se devem preferir escolas particulares ou públicas, quais os melhores cursos pré-vestibulares, maximizando a importância das notas obtidas e das atividades extracurriculares de modo a conseguirem matricular o filho naquele colégio, naquela universidade, ad infinitum . Depois, começam o mesmo ciclo em relação aos netos.
Essas pessoas acham que este mundo está imobilizado no tempo e que o futuro será uma reprodução do presente.
Se continuarmos a derrubar as nossas florestas a destruir as nossas fontes de oxigênio, o que essas crianças estarão respirando daqui a vinte ou trinta anos? Se envenenarmos nossos sistemas hidráulicos e nosso ciclos de alimentos, o que elas irão comer? Se continuarmos cegamente a produzir fluorcarbonos e outros detritos orgânicos e a destruir a camada de ozônio, poderão elas viver ao ar livre? Se superaquecermos o planeta mediante algum efeito estufa, fazendo subir o nível dos oceanos, e inundarmos as nossas praias e exercermos pressão excessiva sobre as falhas oceânicas e continentais, onde elas irão viver? E os filhos e netos, na China, na África, na Autrália e no resto do mundo, serão igualmente vulneráveis, pois também vivem nesse planeta. Convém pensar nisso: se e quando reencarnarmos, seremos uma dessas crianças.
Portanto, por que toda essa preocupação com vestibulares e universidades quando talvez não exista um mundo para os nossos descendentes?
Por que essa obsessão com o prolongamento da vida? Por que desejar fazer estender nosso fim geriátrico por mais alguns anos infelizes? Por que essa preocupação com níveis de colesterol, dietas de trigo integral, contagem de lipídios e execícios aeróbicos?
Não será mais sensato viver com alegria agora, tornar mais plenos os nosso dias, amarmos e sermos amados, do que nos preocuparmos tanto com nossa saúde física em um futuro incerto? E se não houver um futuro? E se a morte for nossa libertação para a felicidade?
Não estou dizendo que devemos desprezar o corpo, que seja certo fumar ou beber excessivamente, usar substâncias abusivas ou ficarmos grosseiramente obesos. Essas condições nos causam dor, sofrimento e incapacidade. Mas não se preocupem tanto com o futuro. Tratem de encontrar a felicidade hoje.
A ironia de tudo isso é que, se adotarmos essa atitude e procurarmos ser felizes no presente, provavelmente viveremos mais tempo.
O nosso corpo e a nossa alma são como um carro e o seu motorista. Lembre-se sempre que você é o motorista, não o carro. Não se identifique com o seu veículo. A ênfase de hoje em prolongar a duração da vida, em viver até os cem anos de idade ou mais, é loucura. É como continuar a usar seu Ford antigo além dos 300 mil ou dos 500 mil quilômetros. A carroceria do carro está enferrujando, a transmissão já foi reformada cinco vezes, as peças do motor estão caindo, e você insiste em não abandonar o carro. Enquanto isso, há um Mustang novo em folha esperando por você, bem perto de você. Basta-lhe sair do carro velho entrar nesse belo Mustang. O motorista, a alma, nunca muda. Somente o carro.
E quem sabe se existe uma reluzente Ferrari esperando por você em algum ponto da estrada?"

Texto extraído do livro Só o Amor é Real de Brian L. Weiss

segunda-feira, 28 de março de 2011

A Casa do Lago


" - Você não foi, não apareceu.
- Eu não entendo. Deve ter acontecido algo. Eu sinto muito. Eu tenho dois anos,Kate. Podemos tentar de novo.
- Não, Alex. É tarde demais. Já passou... não deu certo.
- Não desista de mim, Kate. E quanto a Persuasão? Eles esperaram. Se reencontraram. Tiveram uma segunda chance.
- A vida não é um romance, Alex, e ela pode acabar num segundo. Eu tava almoçando com a minha mãe no Daley Plaza e um homem morreu bem na minha frente, nos meus braços... aí eu pensei: não pode acabar assim no dia dos namorados. Aí eu pensei nas pessoas que o amavam, que estavam esperando por ele em casa... que nunca mais iriam vê-lo. E pensei: e se não houver ninguém? E se você vive a vida toda sem ninguém esperar por você? E então eu fui até a casa do lago em busca de alguma resposta... e encontrei você... e acabei me deixando levar por essa linda fantasia onde o tempo parava. Mas não é real, Alex... e eu preciso aprender a aceitar a vida que eu tenho. Por favos não me escreva mais. Me ajude a deixar você..."

"Nunca houveram corações mais abertos,
Nem gostos tão semelhantes,
Ou sentimentos mais afinados."

Texto extraído do filme: A casa do Lago(2006), baseado no livro Persuasão(1818) de Jane Austen


Música: This Never Happened Before 

domingo, 27 de março de 2011

Antes Que Termine o Dia




Lembro-me daquele inicio de primavera...
Tudo era maravilhosamente colorido...
Meu vestido movimentando-se com a brisa que soprava...
Seu cabelo esvoaçante...
tudo era tão perfeito que parecia que a qualquer momento poderia acabar...
parecia que não tínhamos direito a tamanha felicidade
Nossas mãos dadas, dançando no ritmo de nossos passos...
O contato com a natureza...
As conversas, a viagem de conhecimento ao seu passado...
Lugares que marcaram sua infância que agora pareciam fazer parte da minha vida...
Os lugares que visitamos que nunca antes tive coragem de ir...
você me encorajou...  me ajudou a superar meus medos...
E se agora, ao menos eu tivesse a chance de lhe falar...  gostaria de dizer o quanto amo você e por que o amo como você fez...
Você sabia que aconteceria...
Tentou me contar mas não lhe dei ouvidos...
“bobagem a dele... está apenas impressionado com um sonho bobo”... eu pensei...
Agora, percebo o erro que cometi... se pudesse voltar atrás, você ainda estaria aqui comigo...
Talvez estivéssemos rindo disso tudo e eu jamais teria entrado naquele hospital e não receberia aquela noticia...
O melhor dia da minha vida tornou-se um pesadelo a partir do momento em que te perdi... 

Escrito em 2007

quinta-feira, 24 de março de 2011

Éramos Três


Eram 21:50 do dia 22 de março de 2011.
Shopping fechando. Entre duas lanchonetes, três mulheres diferentes esperam por coisas diferentes.
A primeira, aparentemente esperava por alguém. A segunda, acompanhada, porém,não por muito tempo. A terceira, esperava a partida da barca das 22:00 horas para que pudesse ir para a estação.
Enquanto esperava, a primeira mulher, que parecia uma jovem universitária, tomava seu milk-shake e lia algumas folhas.  Foi a última delas a levantar-se, não se sabe se sozinha ou acompanhada.
A segunda, após seu acompanhante ter se levantado, pegado algumas sacolas e saído aparentemente puto da vida, manteve a pose e continuou comendo calmamente. O nervoso era perceptível, enquanto ela comia seu quiche, parecia tensa e "bebericava" intercaladamente, as duas xícaras de café expresso que agora estavam sobre a mesa. Pegou o celular e tentou fazer uma ligação, em vão. Discretamente levantou-se e foi embora.
A Terceira mulher, comia um pastel de forno de queijo minas enquanto esperava que seu chocolate quente esfriasse. Acima de tudo, queria desesperadamente que a hora passasse. Observava as lojas que estavam preparando-se para finalmente adormecer após um longo dia e reparava nas outras duas mulheres a sua frente. Achava graça de tudo que acontecia e naquele mesmo momento pensou: preciso escrever algo sobre isso. Pegou seu caderno e anotou a idéia para que não escapasse de sua cabeça. Olhou para o relógio, eram 22:05, hora de partir. Levantou-se, pegou seu chocolate e foi andando.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Piano Bar



Hoje quando estava no twitter, li uma frase que senti que conhecia e resolvi jogar no google para ver de onde era. Era uma música do Engenheiros do Hawaii, muito conhecida por sinal, que é Piano Bar. Fui ao youtube e procurei o vídeo, foi instantâneo assim que vi a letra me deu vontade de escutar.
Enquanto ouvi a música, lembrei das noites de música ao vivo em barzinhos. Eram praticamente noites em família das quais eu já não faço parte. Não da família, mas das noites. É incrível que se eu tivesse lendo isso, já teria fechado essa janela pois pensaria que o autor do blog virou evangélico. Desculpe, eu sei que é um comentário preconceituoso, mas é real. Mas a questão não é bem essa.
Ao ouvir, percebi que estava desaprendendo a letra da música. Tinha muito tempo que não ouvia e durante os três minutos e meio de música, várias outras músicas que costumava ouvir durante aquele tempo vieram me visitar. Desde bandas que eu gostava como Capital Inicial à várias outras bandas dos anos 80 que passei a conhecer pela voz de outras pessoas. 
Olhando para trás parece um tempo tão distante, tanto do passando quanto do futuro. Não direi que me sinto mais só do que nunca porque está longe de ser o tipo de sentimento que se passa aqui dentro. No entanto, se eu   tivesse me observando de fora, seria exatamente isso que eu veria. Fala sério, uma pessoa que aprendeu a gostar de ir ao cinema sozinha e assistiu a três filmes seguidos nessas condições e saiu rindo como se fosse a pessoa mais feliz do mundo não é uma pessoa de muitas companhias. E pra ser sincero ir a um bar sozinha para assistir uma banda tocar é o mesmo que ir com uma bandeira de #foreveralone na testa e convenhamos, essa é uma parte que ninguém precisa saber. 
Últimamente para ouvir o tipo de música que eu gosto basta jogar no youtube ou botar um dvd para assistir e mesmo assim, quando estiver sozinha em casa de preferência, por que assim ninguém reclama do meu mau gosto musical.
O vídeo deu um pouquinho de trabalho para ser encontrado mas queria tanto que continuei procurando até encontrar. Acho essa versão bem melhor do que a outra encontrada na maioria dos vídeos dessa mesma música.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Dia Cheio


Hoje bati o meu recorde, assisti a três filmes seguidos no cinema. Para fazer isso, tive que matar aula, queria ir para qualquer lugar, menos para a aula e como já estava no shopping acabei unindo o inútil ao agradável.
Na volta, peguei a barca das dez e meia. O engraçado é que algumas pessoas cheiravam à Cantareira. Quase era possível distinguir quem vinha de lá e quem vinha de outros lugares. Os filmes foram Rango, O Discurso do Rei e Bruna Surfistinha.
Hoje também completei minha coleção da Jane Austen e ainda comprei Jane Ayre. Queria tanto ter o tempo que tinha disponível para ler, como eu tinha nas férias. Creio que os livros ficarão encalhados por um tempo. Estou na primeira semana e já tem muita coisa para ler. Só consegui achar esses livros porque fui atrás de um presente para uma amiga. Fui com a idéia fixa, já tinha escrito até a dedicatória em um papel. Fiquei toda empolgada mas quando cheguei lá só tinham os outros títulos da mesma autora. Comprei um outro, da lista dos best-sellers mas não era o que eu queria.
Agora estou em casa, morrendo de sono e me martirizando por ter que acordar cedo amanhã para ir pro curso. Queria muito mudar para o convencional mas não sei se será uma boa idéia. Preciso me habituar a esse novo método ou ao menos me obrigar a assistir as aulas de uma maneira suportável.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Rotina


Pela janela da barca observo a plataforma de embarque
Em seu outro extremo, "Boa Viagem" dança vorazmente com o vai e vem das ondas
Um leve chuvisco dá o ar da sua graça e rapidamente transforma-se em uma chuva mais densa.
A barca dá partida e mais uma vez me despeço do lugar que brevemente poderá ser minha moradia.
Apesar da incerteza que este dia me trouxe, sinto que não há mais volta.
O vento sopra levemente meus cabelos e se intensifica aos poucos
É como se tivesse me desejando bom retorno.
É a mesma sensação que tantas outras vezes senti com lágrimas nos olhos, mas dessa vez, sem lágrimas.
Em seu lugar surge a tranquilidade e a incerteza do dia de amanhã.
A música em meu ouvido, o vento na face, o vão central da ponte a alguns poucos quilômetros e o mar que existe entre nós confirmam o retorno da rotina.

14/03/11 - 20:40 

quinta-feira, 10 de março de 2011

O que vier...


Sinto que dessa vez vai acontecer se tiver que acontecer. Por não saber o que é melhor, larguei nas mãos de destino ou seja lá o que rege a vida das pessoas. Se as coisas derem errado, ao menos desta vez, não ficarei triste, apenas entenderei que não é a hora.
Há uns dois dias atrás, quando me dei conta de que as aulas estão prestes a começar, bateu um cansaço e fiquei pensando em como seria bom encontrar um canto por lá. Pelo menos para evitar toda aquela viagem diária, que apesar de amar, acaba sendo cansativa. Sem contar que também é um lugar que posso ir quando tiver tempo vago ou mesmo tiver que fazer algum trabalho. Parei de pensar nisso, não adiantaria. Segunda-feira as aulas estão aí e não há como evitar e ficar pensando nisso só aumentam os riscos de uma crise de enxaqueca.
Hoje, dentro do táxi, enquanto esperava a minha vizinha terminar de resolver uns problemas na auto-escola, meu celular tocou e era uma amiga, que mora em uma república, falando que conseguiu uma "kitnet" que fica perto da faculdade para alugar e queria dividir com alguém e perguntou se me interessava. Falei que teria que conversar com a minha mãe e que ligaria para ela. Cheguei em casa e conversei e confesso que nunca pensei que concordariam tão facilmente. Agora é ver a parte burocrática, que é imobiliária e tudo mais. Como essas coisas são altamente instáveis, há muita coisa para acontecer ainda. Não estou criando expectativas
Não sei bem se é isso que quero, se estou tomando a decisão certa, mas creio que nesse caso, as consequências não serão tão radicais e que vai dar para encarar independente do que vier, na pior eu continuarei aqui, o que não tem sido tão ruim assim.

Sentir bem


Agora pouco tive mais um dos meus surtos de mudanças. Eram duas horas da manhã e estava aqui arrumando o meu quarto, para amanhã, me livrar de todas as roupas que eu não uso e que não caem bem em mim. Além de ocupar espaço no meu guarda roupa, não há motivos mantê-las lá enquanto há tanta gente precisando.Também acho que fará bem a auto-estima, mesmo que na hora seja bem difícil me livrar delas.
Também comecei a ler uns blogs sobre gordinhas e acabei dando um up. A certa altura comecei a ficar em dúvida se eu existia. Não encontrava minhas medidas nas lojas virtuais de gordinhas mas também não encontrava nas lojas habituais. Quase comecei a pensar que não existia.
A ironia de tudo, é que quem me ajudou foi uma das pessoas que mais me fez chorar no passado e com todos os defeitos dele, como homem, se mostrou um amigo maravilhoso nos poucos minutos de conversa que tivemos hoje.
E pensar que tudo isso começou porque estava lendo artigos sobre depressão. Queria saber mais sobre sintomas, possíveis tratamentos e outras curiosidades. Não foi surpresa ver que parecia que os artigos praticamente me descreviam e fiquei pensando em como reverter esse quadro. O objetivo é trazer de volta o sorriso para minha face e passar isso para as pessoas. Foi exatamente nesse momento que esse amigo veio falar comigo e começamos a conversar. O que ele me disse também não foi surpresa, mas quanto mais pessoas dizem menos eu tenho como questionar, afinal é o que elas veem e na maioria das vezes o que eu sinto mas me recuso a admitir aos outros.
Minhas aulas começam segunda-feira e estou pensando no que quero passar para as pessoas. Se é a velha imagem de suicida, infeliz, passarinho-preso-no-próprio-corpo ou uma imagem segura, de quem sabe o que quer e corre atrás da felicidade ou que é feliz simplesmente por existir e ser o que é.Pelo menos nesse aspecto eu sei o que quero e o que não quero. A grande questão é fazer isso e me sair bem.
Esse é a minha segunda postagem totalmente espontânea e se tudo der certo elas continuarão. Abaixo estão os links dos sites que visitei hoje.


IPPB
A Pesssoa Depressiva ...
Me ajudaram:

Cheia de Charme
Rock do Batom
Poderosas Gordinhas
Gordinhas Assumidas

segunda-feira, 7 de março de 2011

Paixão à Flor da Pele



Acabo de ver um dos melhores filmes da minha vida. O filme não é tão novo e já o tenho há algum tempo mas nunca tive curiosidade de ver. Durante o início e acho que até mesmo até o meio, tive ímpetos de desistir pois o filme não me prendia, mas alguns amigos já tinham me indicado e com esse pensamento insisti.
A trilha sonora é perfeita e do meio para o final tudo vira de cabeça para baixo fui incapaz de tirar os olhos da tela e para fechar com chave de ouro, a última cena do filme tem The Scientist do Coldplay, como música de fundo. Estou simplesmente apaixonada. Foi uma explosão de emoções muito grande para um filme que começa tão parado.
Tenho percebido que quando o filme é bom, eu não choro no fim. Fico com uma sensação estranha, quase sem palavras, no entanto, sem palavras é algo que realmente não estou pois se estivesse seria simplesmente incapaz de escrever isso. Aconteceu com Cisne Negro e agora esse e com vários outros filmes que assisti mais de uma vez.

"O que é bonito não precisa ser extraordinário, o comum também pode ser bonito."


" As vezes, quando se ver alguém de longe, cria-se fantasias, mas quando se ver ela de perto, nove em dez vezes você se arrepende."

Frases extraídas do filme

domingo, 6 de março de 2011

Hedonista


"O cacho de morte amadurece no pé da vida."

Depois de tanto procurar pela frase perfeita para minha próxima tatuagem, foi uma surpresa quando ela me achou. Estava no twitter quando de repente vi o link da música do novo CD do Galdino, cliquei, ouvi e quando li a letra me deparo com o verso perfeito. Meu dilema agora é saber se dará para tatuar as 8 palavras no pé.
Também achei muito interessante o significado do título da música que desconhecia até então.

Hedonismo sm Fil Sistema que estabelece o prazer como objeto principal da vida.

Hedonista adj 2gen 1. Relativo ao hedonismo; 2. que é partidário do hedonismo; 3. pessoa hedonista;

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Experiências


"De mil experiências que fazemos, no máximo conseguimos traduzir uma em palavras, e mesmo assim de forma fortuita e sem o merecido cuidado. Entre todas as experiências mudas, permanecem ocultas aquelas que, imperceptivelmente, dão às nossas vidas a sua forma, o seu colorido e a sua melodia. Quando depois, tal qual arqueólogos da alma, nós nos voltamos para esses tesouros, descobrimos quão desconcertantes eles são. O objeto da observação se recusa a ficar imóvel, as palavras deslizam para fora da vivência e o que resta no papel no final não passa de um monte de contradições. Durante muito tempo acreditei que isso era um defeito, algo que deve ser vencido. Hoje penso que é diferente, e que o reconhecimento de tamanho desconcerto é a via régia para compreender essas experiências ao mesmo tempo conhecidas e enigmáticas. Tudo isso parece estranho, eu sei, até mesmo extravagante. Mas desde que passei a ver as coisas assim, tenho a sensação de, pela primeira vez, estar atento e lúcido.
Se é verdade que apenas podemos viver uma pequena parte daquilo que há dentro de nós, o que acontece com o resto?"

Extraído do livro Trem Noturno para Lisboa de Pascal Mercier

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"E o que vai ficar na fotografia são os laços invisíveis que havia..."

Olhando essa imagem sinto saudades.
Saudades de um tempo que não voltará.
Da amizade que nos unia, que era tão bonita quanto esta tarde que passamos juntas.
Não foram poucos momentos assim.
Crescemos e embora mantenhamos o contato, sinto que não é a mesma coisa.
Os papos mudaram, as preocupações também,
já não nos vemos com tanta frequencia, mas ainda somos nós.
Temos a mesma essência embora nem sempre a cabeça seja a mesma.
Agora, olhando saudosamente o passado,
mal me reconheço.
O cabelão, o estilo, nós três juntas...
Ai que saudade!

sábado, 29 de janeiro de 2011



Agora pouco estava passando o Making Off de Harry Potter. Eu não sou fã, mas acabei assistindo ao filme. Enquanto a Emma Watson falava, o que me chamou atenção foi o seu inegável sotaque inglês, que é quase como um sonho de tão perfeito. Com Colin Firth também não é diferente, já que além do sotaque ele também tem um "charme britanico" inconfundível .
Depois fiquei pensando quantas pessoas não tem sonhos "geograficamente realizáveis". Também pensei em quantos ingleses não tem o sonho de conhecer o Rio de Janeiro e em quantas pessoas não sonham em morar em outros países sem saberem, ao menos, se seriam felizes lá.
Eu admito que tenho uma fixação pela Inglaterra e sonho em conhecer a Itália. A diversidade cultura é fascinante. Para que estagnar, se é possível voar mais alto?

Retalhos



Prestes a começar a ler Retalhos, de Craig Thompson, enquanto lia a sinopse, um trecho me chama atenção:
"...nas frias noites de nevasca, como é dormir pela primeira vez com alguém que você ama, em um universo conjunto sob as conversas."
 O título em si, já mexe um pouco comigo. Provavelmente os retalhos a que Thompson se refere são trechos da vida dele. É exatamente como me sinto. Sou retalhos a espera de um momento oportuno para que possa me juntar e fazer algum sentido.
Depois que comecei a ler, não demorou muito até que me deparasse com outro trecho chamasse a minha atenção.
"Eu queria queimar estes artefatos infantis porque as linhas - que haviam sido minha fuga - agora serviam de lembrança. Eu queria queimar minhas memórias."
Acho que todo mundo já teve um momento desses. Algo do estilo "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças". E essa busca incessante pelo esquecimento de algum erro cometido, uma escolha errada ou mesmo lembranças de momentos ruins que já passaram, mas que ainda hoje trazem muita dor.

E pra finalizar um último trecho que para mim, foi o mais triste do livro. Provavelmente porque coincidiu com o momento que eu estava passando. Acredito que não a situação em si, mas o que se passou com ele para tomar essa atitude.
"Raina, estou ligando para dizer Adeus..."
Uma coisa é certa, ele a amava. Optou por outro caminho quando percebeu que ir adiante só traria sofrimento. No final a vida é assim. Não dá para sair ileso dela. O jeito é se adaptar, buscar novas coisas e dar valor ao que se tem.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Jane Austen e suas heroínas

 As heroínas dos romances de Jane Austen são encantadoras. Um exemplo para a época em que viveram. Seus livros são uma viagem para quem gosta de romances "água com açúcar". Muitos gostariam de vivenciar histórias de amor como aquelas.
Essas biografias de sites mostram a vida dos autores muito objetivamente, só quando vi "Amor e Inocencia", filme baseado na vida da autora, pude entender realmente o porque de suas personagens e de suas características. Todas elas tem um pouco(ou muito) do que a própria Jane gostaria de ter sido ou tido. Incluindo os finais felizes, que nunca fizeram parte da vida da autora.
Durante toda a sua vida, Jane sofreu por amor mas nunca deixou de sonhar com ele. E sem duvida essa é uma mensagem presente em todas as suas obras.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010



Se eu não deixá-lo partir, essa ferida aberta em meu peito vai infeccionar. Preciso cuidar para que não perca a força interior que teimo em desconhecer, embora se faça cada vez mais presente em meu dia-a-dia.

"Viajando para a lua você dorme e seus sonhos se desembaraçam." 

Baseado em Nana

domingo, 12 de dezembro de 2010


Quando somos pequenos achamos que nossos pais são heróis. Que eles podem nos proteger de qualquer coisa. Não é a toa que é para a cama deles que corremos quando estamos com medo.
Sempre há um a quem somos mais apegados. Na maioria das vezes costuma ser a mãe. São raros os casos que não.
O tempo vai passando, vamos crescendo e aos poucos sem percebermos, a nossa visão de mundo também vai modificando. As decepções começam a aparecer. A descoberta de que todas a coisas que você acreditava não passavam de fantasias. A começar pelo Coelhinho da Páscoa, passando pela Fada do Dente e o Papai Noel.
Daí por diante, as decepções só aumentam. Na transição da infância para a adolescência, sem dúvida, a pior delas é descobrir que seus heróis. Quem você pensava que poderia te proteger de tudo e de todos, são na verdade, pessoas comuns, que também erram, assim como você e todas as pessoas que você ainda cruzará ao longo da sua vida.
A partir de então, você pode escolher se acostumar com isso ou aprender a se virar sozinho ou pode sofrer até que a vida te ensine na marra.

"A verdade é que todo mundo vai te machucar, você só deve decidir por quem vale a pena sofrer."

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ausência


"Se agregar não é segregar;
Se agora for, foi-se a hora.
Dispensar não é não-pensar;
Se saciou, foi-se embora"

"..." - O Teatro Mágico

agregar - ajuntar, aglomerar, reunir vp. 2.reunir-se, associar-se, congregar-se. Conjuga-se como regar.
segregar - Pôr de lado, separar; 2. operar a secreção de; 3. desligar, afastar, tirar do convívio dos outros; 4. isolar-se;afastar-se. Conjuga-se como regar.

sábado, 4 de dezembro de 2010


Entre gritos e lágrimas sufoco-me.
o desespero toma conta e penso em quebrar promessas que se não fossem pelo que são,
já não teriam valor algum.
A solidão vem com tudo me deixando fora de mim.
Luto já sem forças.
Preciso fazer algo, não posso continuar assim.
Me acalmo, mas não por muito tempo.
Novamente sou atingida por essa onda
de lembranças e dor.
Afogo-me aos poucos,
sob as águas revoltas não penso no físico,
o que dói é a alma.
Não sei o que sou e nunca soube.
Tampouco o que sinto ou serei.
Viver ou morrer me é indiferente.

"Eu vejo tudo o que se foi e o que não existe mais..."

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Do começo ao Fim


" - Eu te amo.
  - E por que você me ama?
  - Eu te amo porque você é meu. Eu te amo porque você precisa de amor. Eu te amo porque quando você me olha eu me sinto um herói. Sempre foi assim. Eu te amo porque quando eu te toco me sinto mais homem do que qualquer outro.
 - [...] Eu te amo porque você poderia amar a qualquer outra pessoa e mesmo assim, você me ama... só a mim."



"Ser capaz de se entregar inteira e completamente a uma outra pessoa é a melhor coisa da vida. O amor verdadeiro começa aí. Nesse entrega incondicional. A vida pessoal só vale a pena quando se acredita na dependência mútua."

Extraído do filme Do Começo ao Fim

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Autocrítica

Não adianta fugir. Não adianta pensar. Ter planos não significa que vá executá-los. Posso correr até a exaustão, que quando eu parar, ainda estarei lá. Independente do lugar, ainda serei eu. Com os mesmos problemas. Com as mesmas soluções. Com os mesmos sentimentos. Com as mesmas frustrações.
Sei que de nada adianta tantas palavras. Tantas lamúrias. Tantas reclamações. É preciso uma mudança real, prática. Só assim surtirá o efeito desejado.
Essa melancolia é quase um martírio. Uma conformação. Não poder mudar partes da vida que supostamente trazem infelicidade não significa, necessariamente, esconder-se atrás delas. Embora seja difícil admitir, está mais do que claro que faço uso desse artifício para justificar minha "estagnação" em relação a tudo a minha volta.
E enquanto o tempo passa continuo me escondendo sob essa "capa", por não aceitar quem realmente sou. É uma defesa. O medo de não ser aceita, justamente por não me aceitar, torna evidente minha covardia e insegurança. Ao fazer isso, me deparo com um dos sentimentos mais baixos que um ser humano pode sentir, que é a autopiedade. Nada mais desprezível do que ter pena de si mesmo.
Aproveito esses raros dias em que consigo fazer uma auto-analise sem ser interrompida por pensamentos aleatórios e desnorteantes de todas as naturezas. Não há dúvidas de que em alguns dias, até mesmo horas, voltarei ao normal. Escrevendo sobre as mesmas coisa. Velhos sentimentos com palavras nem tão diferentes assim.
Esse comportamento se repetirá sucessivamente até o dia em que eu der o primeiro passo em rumo ao amor próprio. Só então as mudanças serão concretas e permanentes. Não importa o quão mude o mundo externo, eu serei meu próprio "porto seguro". E quando esse dia chegar, minha busca por alguém a quem possa admirar e amar, terá terminado. Porque eu serei essa pessoa. Só então poderei começar uma nova busca, e dessa vez, pelos motivos certos.

"Se você quiser alguém em quem confiar 
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança."

Renato Russo

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Aprender a Amar



"Quando era pequena, numa cidadezinha de Connecticut, os meus vizinhos prediletos eram um casal de cabelos brancos, Arthur e Lillian Webster. Os Webster criavam gado leiteiro e pautavam a vida por um conjunto inviolável de clássicos valores ianques. Eram modestos, frugais, generosos, trabalhadores, religiosos sem exagero e membros socialmente discretos da comunidade, e criaram os três filhos para serem bons cidadãos. Também eram de uma bondade enorme. O sr.Webster me chamava de "Cachinhos" e me deixava passar horas andando de bicicleta no seu estacionamento bem pavimentado. Quando eu era muito boazinha, às vezes a sra. Webster me deixava brincar com a sua coleção de antigos vidros de remédio.
Faz alguns anos que a sra.Webster faleceu. Alguns meses depois da sua morte, saí para jantar com o sr.Webster e passamos a falar da sua esposa. Quis saber como tinham se conhecido, como tinham se apaixonado - todo o início romântico da vida em comum dos dois. [...] Não consegui arrancar do sr.Webster nenhuma lembrança romântica da origem do seu casamento. Ele confessou que não conseguia nem se lembrar do momento exato em que conhecera Lillian. Ela estava sempre na cidade, pelo que ele recordava. Sem dúvida, não foi amor à primeira vista. Não houve nenhum momento de emoção, nenhuma fagulha de atração instantânea. Ele nunca se apaixonara por ela.
 - Então por que se casou com ela? - perguntei.
Como explicou com o seu típico jeito ianque, franco e objetivo, o sr.Webster se casou porque o irmão mandou que se casasse. Arthur logo assumiria a fazenda da família e, portanto, precisava de uma mulher. Não se pode administrar uma fazenda direito sem mulher, assim como não se pode administrar uma fazenda sem um trator. Foi uma mensagem nada sentimental, e Arthur sabia que a ordem do irmão era certa. Assim, o jovem sr.Webster zeloso e obediente, saiu pelo mundo para arranjar devidamente uma esposa. Ao ouvir a narrativa, ficamos com a sensação de que várias moças em vez de Lillian poderiam ter ocupado a vaga de "sra.Webster" e que, na época, isso não faria muita diferença para ninguém. Arthur simplesmente se decidiu pela loura que trabalhava no Serviço de Cursos de Extensão da universidade. Tinha a idade certa. Era simpática. Era saudável. Era boa. Servia.
Portanto, é claro que o casamento dos Webster não começou com um amor febril, pessoal e apaixonado[...]. Portanto, podemos então supor que essa união é "um casamento sem amor". Mas é preciso tomar cuidado ao fazer suposições assim. Disso eu sei bem, pelo menos nos caso dos Webster.
No fim da vida da sra.Webster, diagnosticaram a doença de Alzheimer. Durante quase uma década, essa mulher vigorosa definhou de tal maneira que vê-la era um sofrimento para todos na comunidade. O marido, aquele fazendeiro ianque pragmático, cuidou da mulher em casa durante todo o tempo em que ela levou para morrer. Ele lhe deu banho, a alimentou, abriu mão da liberdade para tomar conta dela e aprendeu a suportar as consequências pavorosas da sua decadência.. Continuou cuidando da mulher mesmo bem depois que ela já nem sabia quem ele era, e até bem depois que ela já nem sabia quem era ela mesma. Todo domingo, o sr.Webster vestia sua mulher com boas roupas, punha-a na cadeira de rodas e a levava ao culto, na mesma igreja em que tinham se casado quase sessenta anos antes. Fazia isso porque Lillian sempre amara aquela igreja, e ele sabia que ela apreciaria o gesto caso tivesse consciência dele. Arthur sentava-se no banco ao lado da esposa, domingo após domingo, segurando a mão dela enquanto ela se afastava aos poucos rumo ao esquecimento.
E se isso não é amor, alguém vai ter de se sentar comigo e explicar bem direitinho o que é amor na verdade."


Extraído de Comprometida - Uma História de Amor  de Elizabeth Gilbert

Lendo este trecho do livro fiquei pensando em quantos casamentos são assim. Em quantas pessoas se assujeitam a essa situação. E principalmente se eu conseguiria viver a vida inteira ao lado de uma pessoa pela qual só sinta afeto. Uma pessoa a qual eu respeite, mas não ame. Só de pensar nisso uma angústia se apossa de mim e me faz querer desaparecer.
O afeto não é amor. Será que ele supre a solidão?